quarta-feira, 30 de novembro de 2011


" Por supuesto es un pacto.
Sincero,antigo.
Eu com a vida, ela comigo."  Autor Desconhecido

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Trabalho Inútil

Um velho monge e um jovem monge estavam andando por uma estrada quando chegaram a um rio que corria veloz. O rio não era nem muito largo nem muito fundo, e os dois estavam prestes a atravessá-lo quando uma bela jovem, que esperava na margem, aproximou-se deles.A moça estava vestida com muita elegância,abanava o leque e piscava muito,sorrindo com seus olhos muito grandes.
- Oh- ela disse-, a correnteza é tão forte,a água tão fria, e a seda do meu quimono vai se estragar se eu o molhar. Será que vocês podem me carregar até o outro lado do rio?
E ela se insinuou sedutora para o lado do monge mais jovem.
O jovem monge não gostou do comportamento daquela moça mimada e despudorada. Achou que ela merecia uma lição. Além do mais, monges não devem se envolver com mulheres. Então, ele a ignorou e atravessou o rio. Mas o monge mais velho deu de ombros, ergueu a moça e a carregou nas costas até o outro lado do rio. Depois os dois monges continuaram caminhando pela estrada.
Embora andassem em silêncio,o monge mais novo estava furioso. Achava que o companheiro tinha cometido um erro ao ceder aos caprichos daquela moça mimada.E, pior ainda, ao tocá-la tinha desobedecido às regras   dos monges. O jovem reclamava e vociferava mentalmente, enquanto eles caminhavam subindo montanhas e atravessando campos. Finalmente, ele não aguentou. Aos gritos, começou a repreender o companheiro por ter atravessado o rio e carregado a moça.
Estava fora de si, com o rosto vermelho de tanta raiva.
- Ora,ora- disse o velho monge.- Você ainda está carregando aquela mulher?Eu já a pus no chão há uma hora.
E,dando de ombros, continuou a caminhar.

(texto extraído do livro 'Contos Budistas' de Sherab Chodzin e Alexandra Kohn,Editora Martins Fontes 2003.)

Ponto de Divergência

Estava lendo um site de notícias outro dia, quando leio algo que fez os cabelos da minha nuca se arrepiarem: Uma pesquisa britânica revela que o Ponto G não existe. Na hora surgiu duas questões nessa cabecinha:     1-Quem se presta a pesquisar isso? 2-A cura da AIDS já existe e ninguém me disse,que estão pesquisando isso?
Já ouvi de alguns homens que esse ponto não existe, e algumas mulheres dizem também nunca terem experimentado tal alegria. Então vamos a pesquisa, ela diz que o tal Ponto é algo completamente subjetivo (que sua existência no corpo feminino é irreal), mas o que no sexo não é subjetivo?! Prazer para um, desprazer para outro.
Na hora do sexo, se há química, a subjetividade é compartilhada, um conhece e/ou descobre o desejo do outro, bom seria se as coisas fluissem assim também fora da cama. Porém, no dia-a dia as relações já não tem esse movimento muitas vezes,elas se tornam complicadas, enigmáticas, frustrantes até.
Pensando na história do Ponto G, cheguei a conclusão de que na verdade ele existe sim, no entanto a ala masculina não o conhece (ou não valoriza) de tal modo que o torne real, o Ponto G das mulheres para mim é o CORAÇÃO. Nesse momento deve ter várias mulheres dizendo que sou louca e que falo isso porque nunca encontrei o arco-íris, muito pelo contrário.
Vejam se concordam, um lugar grande, aconhegante, onde guarda tantas coisas boas. O problema é que colocamos esse nosso Ponto tão à mostra que os homens não fazem outra coisa senão brincar, explorar, muitas vezes com boas intenções, claro.
Sei que o sexo é importante, mas há algo tão bom quanto sexo, pelo menos para mulheres: um homem que a valorize, a respeite, que não jogue com ela. As revistas femininas ensinam as mulheres como satisfazer um homem, como decifrá-lo, posições incendiárias, etc... Porque nas revistas masculinas, não é ensinado um pouco sobre o sexo feminino?Afinal de contas, não somos nós o sexo complicado?!
Fico triste quando me dou conta o quão disponíveis muitas vezes nos colocamos (ei, eu sei que me encaixo nesse time ok?!). Somos obrigadas a escolher o que em nós será saciado, deveríamos poder ter tudo, e podemos.
Se nos doamos demais, de coração, somos bobinhas, ingênuas e colocamos o homem para correr e se doamos somente nosso prazer somos fáceis, atiradas, inamoráveis ou colocamos o homem para correr também. Decidi, desde que li a pesquisa, que se o Ponto G não existe e é algo subjetivo, vou mesmo assim, atender suas necessidades por completo, que na verdade são as minhas necessidades, o meu prazer. Tanto o sexual como o não-sexual, sou uma mulher que sente prazer por completo e não por compartimentos.
Uma mulher que sente prazer em algo de sua vida, é uma mulher feliz, nem que seja um pouco. Não vou cobrar-me se meu Ponto não está completamente satisfeito, vou com calma, afinal, sou jovem e eu e meu Ponto estamos nos conhecendo.
(texto escrito em 04/2010 e agora postado em homenagem ao blog http://andreatpm.blogspot.com/ )